Conheces o "Princípio do Navio de Teseu"? Não? Nem mesmo eu conhecia até um tempo atrás. Segue uma explicação:
"...de tão admirado e acarinhado, o barco do herói grego Teseu foi preservado pelos atenienses ao longo de gerações, substituindo as pranchas apodrecidas por novas, de tal forma que ao fim de algumas décadas já não restavam partes do navio original."
O questionamento filosófico é se esse navio ainda é o mesmo ou já se tornou um novo navio devido a substituição das pranchas apodrecidas. Resumindo: a despeito das peças novas o navio ainda é o mesmo em sau essência? Isso, claro, tem dado pano pra manga e já rendeu uma bela dor de cabeça jurídica ao finado Boyd Coddington por causa de seus carros modificados.
A Vila Belmiro segue quase o mesmo princípio do Navio de Teseu. Tão acarinhada e admirada foi ganhando inovações e "pranchas" novas ao longo dos anos. Camarotes, iluminação, cadeiras. Mas, como o navio do herói grego, a Vila continua sendo o que sempre foi: o estádio onde Pelé jogou. O maior da Baixada Santista. Um dos destinos turísticos mais procurados por gente do mundo todo. E, na essência, um estádio velho cujo peso dos anos se fez sentir com mais intensidade no jogo contra o Atlético-MG.
E não é verdade? A frase, adaptada do filme "Qualquer gato vira-lata", cai como uma luva pra Santos.
Uma coisa é fato: a Santos atual, aquela que emociona o santista vista lá do alto da Anchieta, já morreu faz muito tempo. Vive-se, hoje, um processo de transição que cobra seu preço no povo dessa terra.
Santos é um pântano: estagnado, parado. O cidadão dessa terra não vê mais opções de nada por aqui. Lazer, moradia, trabalho, cultura? Por favor, dirija-se a Imigrantes e suba a serra, por favor. E não volte para nos contar, pra que não morramos afogados de inveja.
O êxodo para as cidades vizinhas só faz aumentar a cada dia. Atentem para o sabor da ironia: as cidades que antes eram piada hoje são refúgio dos outrora piadistas. Ríamos gostosamente dos vicentinos, guarujaenses, praia-grandenses, cubatenses e, hoje, somos nós a piada. Devemos rir ou chorar?
Nenhum dos dois. Talvez fazer as malas e dar o fora seja a opção mais sensata.
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