Um dos colégios mais tradicionais de Santos foi vendido para a Prefeitura. O Colégio Santista, 105 anos de idade, onde gente do calibre de Mário Covas (e eu também) já estudou, vai ser municipalizado.
A notícia colocou a cidade em polvorosa. Sabe aqueles fatos isolados que chacoalham todo um cotidiano? Pois é, a venda do Santista foi o fato do mês aqui em Santos City. Pais de alunos indignados, ex-alunos revoltados, nego mandando e-mail pra Roma (só porque o Vaticano é ali perto todo mundo acha que vai adiantar alguma coisa...), todos putos da vida com o rumo que o Santista tomou.
Aí, eu lanço a seguinte pergunta no ar: TÃO PUTOS COM O QUE? Porra, e desculpe o linguajar, mas tenha dó! O colégio já vinha deficitário desde 2005, com pouco mais de 430 alunos (sendo que a maioria era bolsista). Vai se manter com o que, a base de orações? Oração - e isso eu aprendi no Santista - é o alimento da alma, não garantia de pagamento. Os indignados acham o que, que colégio marista não tem conta pra pagar? Já que estão tão revoltados, por que não bancam a escola?
Os ex-alunos cobram a todo momento uma explicação. Tirando uns e outros bem intencionados, duvido que o resto lembre, sequer, o endereço da escola (lembrando: rua Sete de Setembro 34, Vila Nova, Santos/SP).
A verdade, realmente, é que a venda do Santista atingiu em cheio A VAIDADE de alguns. Santos sempre foi conhecida por ser uma cidade de falsos milionários. Aqui é foda, todo mundo aproveita a chance de se colocar (pelo menos assim eles pensam) acima dos outros. O Santista era um dos últimos marcos desse pseudo-glamour, dessa falsa sensação de superiordade que é tão inerente ao povo santista. Foi um dos poucos marcos que resistiu ao tempo e a crise, já que o Caiçara Clube, o Regatas e o Clube XV já não são mais referência pra nada.
Eis que de repente a Prefeitura assume o colégio. Esse é o verdadeiro X da questão: NINGUÉM ADMITE QUE O SANTISTA, CELEIRO DE GENTE IMPORTANTE E CONCEITUADA, SEJA TRANSFORMADO EM COLÉGIO DE POBRE! Ninguém tá se importando com história, com troféus, com prêmios, com legado, com porra nenhuma. importam-se, isso sim, com o falso glamour, a pseudo-distinção, o nariz empinado em bater no peito e dizer "estudei no Santista". Só isso.
Que seja concretizada a venda e a transição do Santista. Melhor isso do que ver o colégio ser fechado e virar um castelo mal-assombrado, abandonado como a sede do finado Regatas na Ponta da Praia. E que a hipocrisia de alguns dessa cidade aprenda com esse "golpe" do destino: nada é tão eterno que um dia não acabe.
*sou ex-aluno (1979 a 1983, voltando de 1986 a 1987), fiquei chocado com a venda mas não me prendo ao passado. Me prendo, isso sim, as memórias e o legado do colégio, isso o tempo não apaga.
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